Eustáquio Rangel

Desenvolvedor, pai, metalhead, ciclista

Lendo gibis digitais

Publicado em Comics


Estante de casa

Eu estou envolvido com gibis desde que me conheço por gente. Antes mesmo de saber ler, meus parentes me liam as histórias, as quais eu acompanhava pelas figuras muito atentamente, me instigando mais a aprender a ler. Para completar o quadro, do lado do bar que a minha avó materna tinha, havia uma banca de gibis usados! Como a dona era amiga da minha avó, me deixava passar horas e horas lá lendo gibis, e volta e meia eu arrumava um dinheirinho para comprar algum e ficava feliz da vida.

Comecei com gibis da Turma da Mônica e outros do tipo (inclusive lembro muito bem da minha tia me lendo uma história onde havia um tal de "Morcego Margarido", e em uma entrevista online com o Maurício de Souza, perguntei sobre o tal morcego, o que ele me respondeu com "puxa, essa história é antiga hein?"), mas logo migrei para o que sempre foi a minha preferência: gibis de super-heróis. Marvel e DC reinavam na minha coleção, mesmo antes da Editora Abril começar a publicar os gibis de super-heróis aqui no Brasil e (na minha opinião) dar pela primeira vez tratamento de qualidade para os personagens e edições. Comprei muitos Heróis da TV e Superaventuras Marvel (os quais sumiram misteriosamente de casa quando, na adolescência, descuidei um pouco dos gibis por interesses no sexo oposto, moleque já viu como é ...) e lembro como se fosse hoje o dia em que comprei o Homem-Aranha 1 lá na banca da pracinha de Mirassol ...

Bom, toda essa ladainha foi para dizer que sou um leitor de quadrinhos faz muito tempo, e que adoro ler gibis. Também sou daqueles chatos que vai na banca e fica procurando gibis sem amassados e que compra outro se o que levou para casa for amassado de alguma forma etc etc. Tenho uma baita de uma estante feita sob medida para guardar os formatinhos e os outros formatos que foram aparecendo conforme as editoras (com mérito nos últimos anos para a Panini que fez um ótimo trabalho). Adoro manusear a revista. Só que agora acabou.

De um tempo para cá, por mais que os editores tentem fazer mixes decentes nas revistas, poucas estão me agradando. Não sei se é um certo "calejamento" pela idade, pela otimização de recursos (tempo, dinheiro e espaço) ou um senso crítico mais apurado, em muitas revistas que vinham com 3 ou 4 histórias, eu lia apenas uma, e isso começou a incomodar. Cito um exemplo: a revista do Wolverine, com muitas histórias do filho (barbaridade ...) dele, o Daken, que já pedindo desculpa para quem gosta, acho um lixo. Me doía comprar a revista para ler 1/3 e saber que o resto era uma bela de uma meleca. E foi indo assim mais e mais, os mixes se complicando mais e mais (o Batman acabou de alterar tudo) e o saco acabando. Até que tomei a decisão de parar de comprar revistas na banca.

Eu acho que se aqui tivéssemos condições (logísticas, tributárias etc) de ter um mercado como nos Estados Unidos, onde cada revista tem apenas uma história (algumas com mini-histórias no final), seria perfeito. Mas acho que estamos longe (muuuuito longe) disso, e como também ia ficar muito complicado comprar revistas importadas (além de me lembrar uma certa aversão que tinha quando era adolescente e tinha uma turminha "cool" que se achava o máximo, os reis dos leitores de gibis porque compravam importadas com o dinheiro do papai), decidi começar a comprar gibis digitais.

O que estava me impedindo de vez era ter que ler os gibis no computador. Ok, sei que uma tablet resolveria o problema, mas o outro problema era comprar uma boa logo agora no início do ano, no turbilhão de contas que temos para pagar nessa época. Mas após a Oi impaticamente cortar meu desconto, não oferecer nenhuma vantagem e a Claro me dar um LG Optimus Black por me fidelizar por 12 meses com eles, pagando cerca de R$ 20 a mais do que pagava na Oi, o problema foi resolvido. A tela do celular é muito boa e de bom tamanho, perfeita para o recurso Guided View, onde a história é mostrada quadro-a-quadro preenchendo toda a tela, na sequência, utilizado pelo Comixology, que é o site onde estou comprando os meus gibis agora.

Apesar de sentir falta de "apalpar" (coisa estranha ...) a revista física, da sensação tátil, de saber que os meus gibis estão na "nuvem", em algum lugar que pode dar algum problema algum dia e vou ficar na mão (acham que não perguntei isso pro pessoal do Comixology? responderam, lógico, que não tem perigo deles virarem cantores de música sertaneja no Brasil e largar tudo) devo dizer que estou bem feliz. O nariz torcido que estava com a situação anterior se foi, e agora posso dizer que escolho e pago por apenas o que eu quero ler. Não quero com isso fazer algum tipo de incentivo para que as pessoas parem de comprar as revistas físicas, longe disso, tanto que para valorizar o trabalho de autores, desenhistas, etc, eu compro as revistas, sendo que se fosse só pelo fato de ler digitalmente, eu poderia sair por aí fazendo download de arquivos CBR na faixa, sem problemas. Com isso também não quero criticar quem faz downloads dos arquivos, cada um sabe da sua própria vida, não é mesmo? Mas apenas quero ressaltar que tomei um novo ânimo para acompanhar as histórias, inclusive de algumas que nem eram publicadas aqui.

Se você também está descontente com os mixes, não tem mais espaço em casa e quer selecionar as histórias que quer ler, experimente os digitais. Esse macaco velho aqui não se arrependeu. Em tempo: essas são as revistas que estou acompanhando, gastando bem menos do que gastava nas físicas:




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