Eustáquio Rangel

Desenvolvedor, pai, metalhead, ciclista

Questão de percepção II

Publicado em Music


Eu fiz um post muito tempo atrás falando da questão da percepção que o cérebro tem de certas coisas, com mais ênfase, naquele post, em imagens. Agora estou aqui escutando o novo CD do Machine Head, uma das minhas bandas preferidas, e estou pensando o que anda acontecendo comigo ultimamente, mais especificamente em relação à musica.

Explico: Faz tempo que não escuto um CD e falo "PQP, que que isso, que p*t@ som!". Um que eu falei isso foi justamente um do Machine Head, o Burn My Eyes, e olha que isso faz mais tempo ainda que o post! Um dos últimos CD que comprei (sim, eu compro CDs ainda, apesar que esse último é ... hmmm, emprestado, digamos) foi o Christ Illusion, do Slayer, que é a minha banda preferida de pauleiras, mas também não me impressionou do jeito que eu achei que iria, com a volta da formação original. Eu arrisco a dizer que até prefiro o God Hate Us All, onde apesar que fizeram o Tom Araya gritar o disco inteiro (algo que em entrevistas ele disse que não foi escolha dele), ainda trás a levada de um Slayer mais, digamos, evoluído.

Evolução nesse sentido é complicado. Teve gente que adorou o CD pois ele "resgata as raízes", mas eu até ouso dizer que estou de saco cheio das raízes! Parece que depois de um tempo a gente fica meio enjoado mesmo das coisas muito bem feitas, mas repetitivas ou que ficaram na mesmice há muito tempo. Seria mais ou menos ver aquele "baita" programa de vídeo-locadora que funciona muito bem nos últimos 20 anos, mas feito em Clipper. Algumas exceções talvez seriam bandas no estilo do AC/DC, Motorhead, sei lá, mas realmente hoje em dia fico frustrado com a falta de alguma coisa que realmente me empolgue no quesito musical.

Esse CD do Machine Head está bom, mas nada que me faça pular da cadeira. Ainda estou aguardando alguma coisa que me faça isso sem ser um prego (e aquela outra coisa que os mais besteirentos pensaram da qual eu não sou chegado). Será é algo relativo ao acúmulo de experiências durante a vida, e conforme o tempo passa, isso se acirra e a gente fica mais crítico? Ou seja, a gente fica mais velho e mais chato? Uma coisa com certeza eu sei, um sujeito de 15 anos se surpreende com mais coisas do que eu com 35. Em todas as áreas. ;-)

Aproveitando que estou falando de percepção, tenho uma tia que está usando o seu primeiro computador agora. Diferentemente da minha sobrinha, que já se familiarizou com o seu Ubuntu, a minha tia ainda apanha bastante de muitas coisas no computador, e tem coisa que ela nem faz noção de como funciona. Vou citar um exemplo. Alguns meses atrás, para conectar na web, ela testou uns 23428349237842398 discadores. Em todos, havia a necessidade de informar usuário e senha, mesmo que isso ficasse armazenado lá, para evitar ficar digitando toda hora. Pois bem, hoje em dia ela usa um lá que, segundo ela, "não precisa de inscrição/identificação" (ainda é discada, por sinal). Ela me encheu o saco a respeito disso dizendo que "no meu computador não precisa de identificação nenhuma" enquanto eu pedia o CPF do meu pai para fazer inscrição em um provedor gratuito para minha sobrinha acessar a web. Ou seja, ela acha que a conexão da internet "brota" no computador dela, após algum tempo com aquele cabinho conectado na parede, e o computador entende que ela quer conectar e faz aqueles barulhinhos engraçados, chamando o telefone.

Trocando em miúdos, antes ela sabia que precisava de identificação, teve com certeza que informar os dados dela, como CPF, etc e tal para usar o provedor (não, não sei qual é, nem quero saber, Deus me livre!) que ela usa hoje em dia, mas esqueceu tudo isso em poucas semanas e sabe lá Deus o que ela acha que acontece no computador quando acessa a Internet. Que raio de percepção ela tem do processo? Fora a questão da interface, que vou deixar para um próximo post.

E antes que me perguntem, eu, explicar para ela isso, de novo? Duvido que alguém de vocês consiga conversar 20 minutos sobre isso com ela sem ficar louco e sair berrando rasgando as roupas no meio da rua. Eu chutei o balde depois dessa analogia da conexão brotando igual um pé-de-feijão mágico.

P.S.: Aguardem algumas mudanças aqui no blog. :-)




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