Questão de percepção
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O que vocês veêm nela? Uhnnnnnn ... duas pessoas de costas? Reparem bem de novo ... reparem que tem um livro no canto direito inferior, refletindo (!) em um espelho (!!), justamente como a imagem da pessoa (!!!) está sendo refletida (!!!!). Só que cadê o rosto do sujeito? E se eu disser que a frente da pessoa é exatamente igual as suas costas? Tentem interpretar isso ... dá um nó na cabeça, não? ;-)
O problema é que o cérebro interpreta algumas coisas já levando em conta algumas informações armazenadas sobre esses tipos de coisas. No caso da figura, você automaticamente pensa "pessoa + de costas = na frente tem um rosto", e o resultado da "equação" aí do lado é disponibilizado automaticamente para você, sem esforço e automaticamente.
O problema é quando a coisa não é bem assim, como no caso do quadro (que é "Reprodução Proibida", de René Magritte, de 1939, consultem mais coisas dele, vale a pena), que o nó na cabeça aparece.
Isso me leva a pensar que somos bem impulsivos em alguns conceitos bem-definidos para nossa mente, e que nos leva à alguns pré-julgamentos de situações ou coisas muito rápido mesmo antes de pensarmos um pouquinho a mais nelas e o quanto isso reflete na avaliação individual e coletiva após esse conceito novo ser apresentado.
Por exemplo, imagine a primeira vez que você viu de frente um Ford Ka (nada contra, Dani, só estou dando o exemplo), e falou, "nossa, que bonitinho" e quando olhou a traseira falou "mas que p*@%a que é essa?". Quebra de conceitos! Apesar de não ser uma total falta de coerência, mas aquela traseirinha com o eixo quase caindo para fora do carro para muita gente (inclusive eu) foi uma coisa bem diferente que não era exatamente o que se esperava. Resultado? Mesmo sem nunca ter dirigido ou mesmo entrado dentro de um Ka, posso afirmar que ele para mim e para muita gente é um dos carrinhos mais esquisitinhos que tem por aí. Mesma coisa para o Fiat Dobló e para nós, Brasileiros, qualquer carrinho inglês estranho daqueles dos filmes do Mr. Bean.
Aí entra o conceito de esse tipo de coisa ser esquisito e não ser útil para você. Aplicando isso em programação, talvez seja esse tipo de conceito que fazem alguns programadores ficarem longe de qualquer coisa diferente das que estão acostumados.
Muita gente por aí simplesmente abomina e fica longe de programação orientada a objetos, por exemplo, por achar uma metodologia confusa e poluída, mesmo sem nunca ter usado extensivamente esse tipo de coisa. Opiniões e gostos à parte, essas pessoas muitas vezes emitem opiniões sobre essa metodologia simples e puramente por que ela vai em desacordo com tudo que essas pessoas já estão acostumadas, aos resultados finais das "equações" dos cérebros dessas pessoas. "Não serve para mim", dizem. Duvido que na analogia dos carros um Ka ou um Dobló não seriam bem úteis para mim em suas funções básicas de automóveis (você não vai querer tirar racha com um Dobló, vai?).
Então, às vezes algumas pessoas (mesmo algumas mais esclarecidas - tem cientistas e físicos por aí que refutam toda e qualquer possibilidade de outros cientistas e físicos igualmente brilhantes) teimam em aceitar qualquer possibilidade de mesmo uma análise mais profunda em alguma coisa que seja diferente de seus resultados mentais pré-estabelecidos.
Abram a mente! Lembrem-se da imagem do quadro. No caso é mais difícil de aceitar mas é ao mesmo tempo mais fácil de compreender o problema, por que é bem visual. No caso de tecnologias, é mais complicado por que o conceito visual da coisa cai por terra (a não sem em diferenças de algumas linguagens e estilos de programação, onde a coisa fica visualmente mais acentuada), mas mesmo assim tentem ver o que você vê de ruim na hora com outra ótica, talvez o "resultado final da equação" do seu cérebro seja remodelado um pouquinho. ;-)
Para finalizar, outra imagem do René Magritte, que inclusive é o quadro preferido do Magneto na série do Ultimate X-Men:
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