Porque não vou na LinuxCon
Publicado em GNU/Linux
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Eu ia na LinuxCon. Estava com a inscrição feita, paga e tudo o mais, mas fiz uma coisa que jurei nunca mais fazer: me inscrever antes que a grade da programação fosse anunciada. Quando anunciaram, apesar de ter bastante gente boa e várias palestras ótimas, havia um pequeno problema.
Selecionando eventos
Vejam bem, eu sou meio bicho do mato e é bem difícil, para não dizer custoso, ir para determinados eventos. Como moro no interior de São Paulo, isso implica em, além da inscrição para o evento, custos extras com hospedagem, transporte, alimentação, além do tempo gasto com a viagem, e sabemos que tempo é dinheiro, correto? Passagens de avião aqui são caras e com ônibus o tempo gasto aumenta bastante. Então, eu procuro selecionar bem em quais eventos eu vou dar as caras, baseado nesses fatores pessoais e na programação dos eventos, que estão ocorrendo de balde e um melhor que o outro.
Aprender e se divertir
Quando vou para um evento, levo em conta que vou aprender alguma coisa, e de quebra me divertir e encontrar pessoas legais. Alguns amigos perguntam "mas você vai perder de ver o Linus???" e eu respondo: por mais que apareçam pessoas do naipe do Linus Torvalds (à quem sou eternamente grato por ter escrito o kernel Linux), como é o caso da LinuxCon, eu também acho que já passei da fase de tietagem pura de pesar a presença de estrelas desse porte na balança. Ir só para falar depois "olha, cara, fulano estava lá e eu vi" definitivamente deixou de me apetecer faz tempo. Já vi eventos com pessoas tecnicamente muito boas mas cuja participação no evento deixou a desejar, em termos da apresentação propriamente dita. Nesse caso, o código das pessoas fala muito mais alto, e eu não precisaria ver o Linus para expressar minha admiração por tudo o que ele fez. Está rodando aqui e me permitindo escrever esse post. Obrigado, Linus!
Os bicões
Quando fiz a inscrição, parecia que o evento estava perfeito. Mas aí veio a grade da programação, destacando logo no primeiro dia, um keynote da ... Microsoft. Não uma palestra, mas um keynote de 1 hora!
Atualização: Olhando na página da programação agora, parece que reduziram o tempo para 15 minutos, o que já deixou até de ser um keynote, mas agora já era.
E o keynote é de ninguém nada mais nada menos que o tal de Sandy Gupta, o qual o post do Ricardo Bánffy, que se posiciona contrário ao que eu penso aqui sobre a presença no evento, detalha bem. O sujeito não é flor que se cheire e participou daquela pataquada da SCO alguns anos atrás.
No post, o Ricardo cita algumas razões de porque deveríamos ir ao evento, as quais quero comentar aqui juntamente com alguns outros argumentos que li por aí, para expor o meu ponto de vista.
Assombrações
Particularmente, a minha opinião - da qual não vou julgar ninguém que discordar, mas que me permita pensar assim - é que tenho nojo da cara de pau desse pessoal. Parece que perseguem a gente, e de fato perseguem! Não tem algumas pessoas que são chatas, arrogantes, malas que te adoram encher o saco, que não fazemos questão alguma de encontrar em alguma festa por aí, mas que parece que aparecem nos lugares mais improváveis? Pois é, esses caras são o tipo de empresa que me torra o saco encontrar falando alguma baboseira nos eventos. Quando o evento é de um tema misto, como desenvolvimento, etc., vá lá eles terem a sua trilha. Mas em um evento desse tipo, o que menos esperava encontrar eram eles com patrocínio platinum ainda!
Ridicularização
Algumas pessoas dizem que a Microsoft está numa situação ridícula, ao ter que se enfiar no meio de eventos que não tem nada a ver com ela. Viram o nome do evento? LinuxCon. O tal Sandy Gupta em uma outra conferência de Open Source (arrepiam se disser Software Livre!) teve como tema na sua palestra como rodar ferramentas Open Source no Windows Server. E nessa, será que vai falar o que sobre Linux? A tão famosa "interoperabilidade", que me desculpem a franqueza, já virou uma desculpa de peidorreiro para qualquer situação de "bicão" desse tipo.
Como o Ricardo bem relacionou, a Microsoft tem planos faz um bom tempo de "melar" eventos de concorrentes, então eu acredito que a posição dela não é de se submeter ao ridículo, e sim de provar que com sacos de dinheiro eles podem se enfiar onde bem quiserem. O que falta são os organizadores fecharem os bolsos e abrirem os olhos para esse tipo de coisa.
Show me the money!
Eu não concordo em dizer que o pessoal do Software Livre tem a ganhar com o dinheiro gasto pela Microsoft no evento, mesmo que barateie as entradas e o coffee-break. Sem ser hipócrita, digo que sinceramente preferia pagar o dobro do valor do ingresso para não ter a presença desses caras. E nem quero meleca nenhuma de refrigerante da parte deles. Acho que perdemos é uma bela de uma chance de dizer "não precisamos de vocês". Aí sim que começa a ridicularização. Birra dos caras? Qualé, faz quantos anos que eles tentam sacanear de tudo quanto é jeito, os mais baixos possíveis.
Protesto
Como o Ricardo bem disse, infelizmente não podemos jogar torta (ou o que estiver por perto). Mas ao invés de sair do auditório e talvez ainda ter que ouvir alguma gracinha tipo "GNU/chato" ou coisa do tipo por parte de alguns, prefiro deixar bem clara a minha opinião de que não apóio a presença da Microsoft nesses eventos, somente por causa de sacos de dinheiro jogados no colo de alguém, e prefiro não ir no evento. Quem sabe os organizadores não comecem a levar em conta o tipo de opinião como a minha e pensem duas vezes antes de aceitar um "apoio" desses? É uma faca de dois gumes: contam com o dinheiro fácil da Microsoft ou com o apoio de um público mais exigente em relação ao evento?
Eu já não teria esse tipo de posicionamento se a Microsoft exibisse alguma coisa de consistente em relação à Software Livre, mas sabemos que isso é quase utópico. Enquanto promovem algo de bom de um lado, do outro sempre aprontam algumas para sacanear. Francamente, isso já me deu no saco. Faz tempo.
E fazendo as contas, olha só: para ir no evento, eu iria gastar uns 3 dias (viagem+evento) e algumas centenas de Reais, além de ficar puto da vida, o que contrariaria as premissas básicas que levo em conta para ir em eventos, detalhadas acima. Prefiro pegar esses 3 dias e aí sim escrever algum código, documentação ou coisa do tipo genuinamente Sofware Livre. Francamente, eu acho que esse tipo de coisa dá mais retorno em relação á "causa" e vou estar duplamente mais contente: além de não ir no evento para expressar minha opinião que esses caras não poderiam sair comprando tudo por aí, eu ainda dou um jeito de acrescentar nem que seja mais um minúsculo grão de areia na pedra dentro do sapato deles, fazendo algo que eu gosto.
Exorcismo
Aproveitando o assunto, vou aproveitar para fazer um exorcismo aqui. Alguns meses atrás, eu comprei um computador da Dell, que estava com uma configuração ótima de RAM, disco, monitor, etc. Mas tinha um pequeno detalhe: vinha, "de presente", com um kit de teclado e mouse sem fio da ... Microsoft. Esse aqui. Eu tentei de tudo quanto é maneira fazer o sujeito me enviar com um kit normal, primeiro, porque aqui no escritório não faz sentido usar um kit sem fio, CPU está bem perto da mesa, e segundo ... vocês já sabem né?
Bom, o sujeito disse que não podia fechar o pedido sem o "brinde", mas que poderia me enviar um teclado e um mouse com fio, normais, para que eu não ficasse contrariado. Acabou sendo um negócio bom (fico pensando se não havia um certo "patrocíonio" nisso também, argh) e eu pedi o computador. Imaginei que conseguiria vender o tal kit, mas até agora nada, e toda santa vez que fico puto da vida com alguma sacanagem por parte deles, dá vontade de pegar uma marreta e reduzir essa coisa a pó. Tá, sei que vão falar que fazem hardware bom etc e tal, mas não vou usar nada dos caras. Sabendo dos meus impulsos destrutivos em relação ao tal kit, minha esposa sempre me convence do contrário. Pois bem, vou sortear essa bagaça! Aí me livro de vez desse "encosto" aqui dentro do armário e ainda faço feliz alguém que queira um kit de teclado e mouse sem fio e não compartilhe das mesmas opiniões em relação aos caras, sem problemas, gente!
Deixando bem claro que:
- O Sedex é a cobrar para o ganhador. Ou se der jeito, que venha pegar comigo. Não vou gastar nem 1 centavo com despesas de envio.
- A bagaça está totalmente lacrada e nem lembro até quando vai a garantia.
- Sei lá se funciona, como disse, não abri. Como vai ser presente, tô nem aí como ou se vai funcionar.
- Não aceito devoluções. Se essa coisa aparecer aqui de novo, eu juro que pego a marreta e dou um jeito de vez.
Para concorrer, basta me mandar uma mensagem no Twitter (nem precisa me seguir não, só mandar a mensagem):
@taq, #medaessabagaça
Amanhã, dia 11/08/2010 ás 20:00, eu vou pegar todos os usernames que mandaram essa mensagem, por num baita (ó!) array e usar shuffle.first (com um rand antes, vá) para sortear o ganhador e finalmente sumir de vez com esse treco. Anuncio o ganhador aqui e peço para me mandar o endereço de envio.
Código
Atualização: Segue o código que vou usar para o sorteio:
require "rubygems" require "twitter" tweets = Twitter::Search.new('#medaessabagaça').per_page(1000) users = tweets.select {|t| t.text =~ /@taq/}.map {|t| t["from_user"]}.uniq rand puts "Sorteado em #{Time.now}, entre #{users.size} inscritos, quem ganhou a bagaça: #{users.shuffle.first}! Leva esse trem embora! :-)"
Até daqui a pouco. :-)
O sorteado
O sorteado foi o @leandrofabricio! Passei as instruções pelo Twitter agora há pouco, responda em até 24 horas para não perder.
Atualizado: Como o @leandrofabricio não respondeu em até 24 horas, perdeu. Acabei de sortear de novo e o vencedor foi o @silasribas, vale o mesmo esquema: responda em até 24 horas para o email que eu mandei pelo Twitter.
Me embananei com o gtk-recordMyDesktop na hora que rodei o programa, mas para não invalidar tirei uma screenshot:
Os xaropes
Como começaram a aparecer xaropes sem ter nada o que fazer colocando comentáriozinhos fresquinhos por aqui (devem ter ficado ofendidinhos e nervosinhos pois estou criticando o "patrão" deles ;-) e eu já mostrei minha opinião e me livrei da bagaça, estou fechando o comentários. :-)
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Eu tenho uma certa bronca com esses eventos. O único FISL que fui foi no primeiro. Depois ele começou a ficar caro e muito politizado (não seria o termo correto mas ...). Fui em outros apenas para conhecer pessoalmente amigos virtuais. O pessoal larga um monte de palestras simultaneas o que pode impossibilitar ver duas que sejam do nosso interesse. Fui em alguns eventos sobre fotografia (FestFotoPOA, por exemplo) e qualquer um poderia assistir as palestas. Foi toda a semana, uma após a outra, durante o dia. Não era cobrado nada para assistir e tinham palestrantes do exterior. As oficinas eram pagas e cada um escolhe o que e se deseja fazer. Não vejo porque os eventos de SL não adotam um modelo mais inteligente como os de fotografia. Eles vendem espaço para os expositores, possuem patrocinadores e ainda combram um monte para quem deseja participar. Colocam um monte de palestras simultaneas onde algumas ficam com meia dúzia de gatos pingados e a grande maioria não diz mais do que a gente já sabe, outras são políticos querendo publicidade e outras os pessoal vai mais por tietagem mesmo.
André, então, mas é como eu disse ali acima ... na OSCON a grade foi variada, havia desenvolvimento, etc., nesse caso dá para ignorar os caras nas tracks deles e pronto. Agora, uma LinuxCon, com um keynote, para mim, é sacanagem e uma baita de uma forçada de barra. Para mim esses é o tipo de evento que teria que ser mais "puro-sangue", sem a presença de carrapatos que já deram muita dor-de-cabeça, e é frustrante ver que mesmo nesses eles dão um jeito de se enfiar pra falar abobrinha. :-p
Na RubyConf eu vou, a gente se vê lá! :-)
Fala TaQ !
Po que pena cara, entendo seu ponto de vista, ainda mais se tratando de um evento longe de casa, mais custo para ir nele e tal, porem infelizmente eu vejo que voce precisaria abstrair um pouco a presença da Microsoft nesses eventos ja que praticamente todos os eventos de software livre que fui ultimamente encontrei alguem ou teve algum OpenNote com algum funcionario deles, a Apachecon teve presença e na Oscon teve um opennote bem fraquinho com um funcionario relacionado a solução de Cloud deles, o que mais se conclui ate por pessoas de dentro é que eles não tem carisma para esses tipos de eventos.
A questão toda é que não poderia ponderar a presença deles na oscon por exemplo, concordo que são ideologias totalmente diferentes porem tentei pesar mais a parte real da conferencia, os palestrantes e as pessoas que participaram neste ano foi muito legal , palestras sobre membase, drizzle, openstack, ruby, python, trafficserver etc ate a presença do Larry Wall pra fazer mais um State of the Onion que foi bem engraçado, resumindo , nao se deixa levar por essa parte senao voce perde a chance de ter contato com muita gente boa, otimas palestras e tudo mais que um evento opensource acaba trazendo.
Espero te encontrar em outros eventos , quem sabe na RubyConf em sp , abraços !