Eustáquio Rangel

Desenvolvedor, pai, metalhead, ciclista

Monoculturas são burras.

Publicado em Developer


Olhem esse link. Antes de escrever alguma coisa, minha opinião sobre Python: uma baita linguagem. Claro? Ok, vamos continuar.
É engraçado como dá para separar duas coisas aqui: 1) a linguagem e 2) quem a usa.

A linguagem mostra o serviço ao qual se propõe, algumas vezes de maneiras bem eficientes e algumas de um jeito que dá medo. O que? Em Python não dá para fazer código mal-feito? Peguem um mal-programador e ele vai fazer código ruim em qualquer linguagem, inclusive em Python (ohhhhh herege, queime na fogueira). Mas, de novo, a linguagem mostra efetivamente seu potencial, desde que utilizada de maneira adequada, e se resume a isso, limpo, claro e simples.

Mas pessoas que a utilizam as vezes parecem que a utilizam mais para fazer barulho do que efetivamente programar.
Muitas vezes parecem que esquecem de fazer código para ficar "pensantes", "guruzantes", "utópicas", e no caso da URL acima, "ditadoras". Acham que a linguagem vai conquistar o mundo, não, pior, acham que o mundo tem que ser conquistado por ela e ai de quem achar ruim. Corra, vá lá e se enfie no meio dos "great hackers", antes que a dominação do mundo esteja completa, você seja um pária e te apedrejem no meio da rua.

Isso me faz lembrar algumas coisinhas: dominar o mundo é coisa do Cérebro e deixo isso com ele. :-)
O estado utópico, ditador e inocente que isso nos leva. Parecem aqueles partidos de esquerda ferrenhos que tem idéias muito boas mas que preferem ficar fazendo barulho muito tempo na oposição e quando finalmente tem o poder até já se esqueceram delas, e ficam perdidos. A teoria que era boa vira uma prática ruim justamente pela falta de prática.

Uma linguagem boa como o Python corre o risco de se algum dia "assumir o poder" ser despedaçada pela falta de bom senso (e pelo ego, afinal, no fundo desse "vamos nos ajudar" tem muita gente competindo para querer se mostrar o fodão do pedaço, o "great hacker") de quem a ajudou a chegar lá, pois muitas dessas pessoas estão mais preocupadas no cunho político e social do que com a linguagem e a programação em si. Nem venham, se não fosse isso não teriam tanto tempo para pensarem tantas abobrinhas absolutistas e guruzeiras, estariam fazendo código.

Aí você me pergunta: mas pera lá, por que você condena isso em linguagens mas não em sistemas operacionais? Bom, façam a matemática de quantas linguagens e quantos sistemas operacionais tem por aí. E se lembrem de uma coisinha básica, que são os sistemas operacionais a base para as linguagens rodarem, e sistemas operacionais efetivamente tem um cunho político e social. Programar em X ou Y pode muitas vezes não afetar a sua liberdade (que pode ser comprometida se X ou Y só rodarem em Z), mas se Z dominar grande parte do mundo (olha que legal: mesmo nisso não temos uma unanimidade, o que dirá de linguagens?) isso é um motivo de preocupação pelo poder adquirido e suas implicações em todos os setores que são afetados por isso.

E mesmo se algum dia o Linux "dominar o mundo e exterminar os outros sistemas operacionais infiéis", eu vou achar muito ruim. Uma só coisa, sistema operacional ou linguagem, é monocultura. Monoculturas são burras, e levam à extinção pois não há evolução, contestação e provação.



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