Eustáquio Rangel

Desenvolvedor, pai, metalhead, ciclista

Homem-Aranha: Um Dia a Mais

Publicado em Comics


Vazio
Vai é criar teia de aranha ali...

Eu estava doido para escrever sobre isso, mas na época que saiu a revista Homem Aranha 82 seria um baita de um spoiler para quem ainda não havia comprado, e decidi esperar mais, não antes de mandar um email para a Editora Panini expressando a minha opinião sobre o que aconteceu.

O negócio é o seguinte ... a tal "saga" "Um Dia a Mais" do Homem Aranha, onde o mentecapto do Joe Quesada fez a maior cagada que eu já vi desde comecei a ler HQ. E olha que já vi muita coisa brava como "A Morte do Super-Homem", "A Saga do Clone", "A Queda do Morcego", todas esses nhé-nhé-nhés dramáticos que eles aprontam para tentar vender mais revistas. Só que chega uma hora que o saco acaba e coincidentemente os caras extrapolam.

Nessa "saga", a múmia do Quesada resolve apagar quase 20 anos de história do Homem-Aranha. É. Apagou. E de um dos jeitos mais bestas que tem para fazer isso: meteu uma entidade poderosa no meio (Mefisto), que, através de um pacto onde o Peter Parker e a Mary Jane decidiram entregar o seu amor e tudo que poderia vir de bom nele no futuro para o coisa-ruim, passou uma borracha na história do Amigão da Vizinhança para que a Tia May pudesse viver depois de ter levado um tiro que era para o Peter, que ficou naquelas de "é culpa minha blá blá blá". Ele estava conseguindo ser mais chato e reclamão do que o Surfista Prateado era nas histórias de uns 20 anos atrás. Mas enfim, o Peter voltou a ser solteiro, morando com a tia, andando de bicicleta, e ainda "resetaram" o Harry Osborn, o Flash Thompson e sabe lá quem mais.

Pelo que eu li folheando na banca a seção de cartas do número 83, parece que os editores esperavam uma resposta mais negativa. Teve gente que argumentou que foi uma boa para "descomplicar" a história do Aranha e alguns que disseram que gostaram pois eles vão começar a ler agora praticamente do zero. Eu discordo dos primeiros, pois é batata que daqui alguns anos vão complicar tudo de novo. Quem está lendo as revistas importadas está mencionando que voltaram meio num estilo "anos 80" mais divertido, que eu duvido que dure muito. Quem começou a ler agora realmente levou vantagem se não liga para a história do personagem.

Mas e nós, que lemos faz sei lá quantas décadas? Eu me senti o maior idiota do mundo por ter suportado todas aquelas fases medonhas acreditando que ia melhorar (e melhorou por vezes, eu estava gostando da Guerra Civil!), mas é tanta porcaria e tiro saindo pela culatra que acho que com o tempo a gente vai ficando de saco muito cheio. Tipo quando a Editora Abril começou a publicar a linha Premium, que custava caro e vinha com um discurso grande sobre qualidade blá blá blá. Aí os tontos (eu) compraram para na esperança de "dar uma força", tentar ajudar o mercado nacional de HQ não afundar, e após alguns meses eles cancelaram tudo e lançaram as revistas no papel mais vagabundo que eu já vi com outro discurso totalmente diferente, sobre ser acessível etc e tal.

E essa "Um Dia a Mais" realmente para mim foi a maior forcação de barra que já vi e talvez a gota d'água para transbordar tudo. A imagem acima é da divisória da minha estante, especialmente feita para abrigar minhas HQs, onde até hoje estavam as revistas do Homem-Aranha publicadas pela Panini. Elas foram para o setor de "arquivo", juntamente com os Aranhas Premium e os formatinhos da Abril. Eu parei de ler Homem-Aranha depois de várias décadas. Chega. E se começarem com muito mais graça desse tipo, eu paro com outros também. X-Men estava uma chatice e aproveitei e parei junto. Ontem li que ano que vem estão querendo tirar o Bruce Wayne do manto do Batman. Ainda nutro alguma esperança que venha a ser alguma coisa decente por ter Neil Gaiman e Grant Morrison envolvidos, mas se começar com lenga-lenga de novo, eu paro também.

Não sei se estou mais velho e chato, sem paciência, ou se esse pessoal realmente não aprende e fica insistindo nos mesmos erros de sempre, e o pior, piorando ainda mais. Podem estar apostando numa nova geração que nem compra a revista direito e só faz download pela web e afugentando quem era leitor fiel. Se eu penso que o mercado de HQ pode se abalar por causa de todas essas barbeiragens? Que se dane. O mercado de HQ pode se sustentar enquanto produzir coisas boas e tratarem os seus clientes, ou seja, nós, leitores, de forma justa. Se pararem com isso, não tem sentido de existir mais. Ainda bem que existem algumas revistas como a Pixel Magazine.




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