Eustáquio Rangel

Desenvolvedor, pai, metalhead, ciclista

Eu ainda compro CDs!

Publicado em Music


Sim, por mais "antiquado" (que o diga o Cris Dias) que possa parecer, eu ainda compro CDs, mesmo com todas as facilidades modernas e com o som do meu carro suportando MP3 e USB, do mesmo jeito que antes comprava os discos de vinil. Eu gosto, apesar de ocupar espaço, de ver as caixinhas com encarte e uma arte *geralmente* caprichada no disco. Fora que eu já perdi a minha pendrive com as músicas várias vezes em casa, ainda bem que tenho o Palm TX com o cartãozinho, que fica mais complicado de perder.

O duro hoje em dia é o preço dos CDs. Quando começaram a sair os CDs aqui no Brasil eu lembro que comprava de balde nas Lojas Americanas (não, na loja física mesmo, não no site, nem existia, talvez, na época) pois o preço era bem convidativo. Mas hoje, putz. Fui na galeria da Av. São João, alguns dias atrás quando estava em São Paulo, procurar alguns CDs, e puxa, que cacetada. Mesmo os nacionais estavam caros, e eu fui procurar alguns importados, dei de cara com alguns precinhos bem salgados. O jeito foi pedir direto da Amazon, o que de um jeito ou de outro vai acabar saindo mais barato. Os CDs que comprei foram esses (ei, eu não curto só pauleira):

Dave Matthews - Stand Up The Cult - Born into This Tenacious D - The Pick of the Destiny

Eu até achei o primeiro do Tenacious D bem melhor que esse da trilha do filme, mas tem algumas músicas ali que valem o preço. Os outros dois tem algumas curiosidades.

O do The Cult, eu encontrei na galeria pelo preço módico de R$ 75,00. Ouch. Essa versão é uma edição especial com algumas músicas a mais e a faixa de CDs importados lá está entre R$ 50,00 - R$ 65,00, pensando bem R$ 15,00 a mais não seria tão caro mas na conta geral ainda é bem caro. Como não compro no primeiro lugar que encontro, ainda mais com 3 andares de lojas dando sopa para uma pesquisa rápida, fui conferir os outros preços, e, surpresa, encontrei o CD em uma loja com o preço de ... R$ 25,00 !!! Aí não entendi mais nada, pois a versão nacional (que eu até compraria mas quero essa com bônus!) custa R$ 35,00.

Fui perguntar para o vendedor e ele me garantiu que o CD era importado mesmo, me mostrou o nacional, mencionou as 5 músicas a mais ... mas e aí, tio, como que esse tá mais barato que o nacional? Ele me disse que aquela versão vinha da Europa e sei lá mais o que ... acabei deixando quieto pois achei estranho. Sabem por que? Tem cheiro de gambiarra. E, se eu for comprar um CD, que faça a coisa certa, poxa vida. Sempre antes de comprar um CD atualmente eu vou trocar umas idéias com o meu amigo Mário Prestes Terceiro (há!), que sempre me mostra como estão as músicas, e se eu acho que o CD vale a pena, eu compro. Seria algo como umas cabines que existiam antigamente em algumas lojas de discos, onde você ia com a "bolacha" e escutava o dito cujo antes de comprar. A diferença é que dá para ir na casa do Mário na hora que a gente quiser né. Mas enfim, se eu vou comprar um CD, que compre do jeito correto, do contrário escuto na casa do Mário mesmo ué. Deixei o CD "gambiarrado" lá e pedi na Amazon.

Outro CD que comprei que tem uma controvérsia é o CD da Dave Matthews Band, que vem entupido de DRM, fato que fez meio mundo xingar a banda como se isso fosse uma decisão deles. Mas eu achei um ponto positivo em toda a reação negativa que houve em cima desse CD e de alguns outros, o que fez as gravadoras verem que isso seria tapar o sol com a peneira e encher muito, mas muito o saco do consumidor a ponto dele não comprar mais o CD e ir na casa do Mário escutar. E como não vou ter problemas com os softwares que estavam detonando o sistema operacional "na mira" ali dos mecanismos DRM, tá sossegado. Esse CD na versão dual disc custa em média R$ 70,00 na galeria.

O fato de comprar um CD, de um jeito ou de outro, ainda nos moldes dos negócios do século passado, ainda é um indicador para manter na lista das gravadoras a sua banda preferida que ainda não encontrou um modelo de negócios mais atual, como o Radiohead. Afinal, as gravadoras dão um dinheirinho para eles. Pouco, a gente sabe, pois as bandas ganham mais com merchandise do que com venda de CDs. Isso leva em outro ponto interessante: muito tempo atrás eu dizia que as gravadoras deviam era investir não mais no que pode ser copiado digitalmente da obra de um artista, mas sim no que o artista pode fazer, nas suas capacidades únicas, que não podem ser copiadas e que fazem essa turma trabalhar um pouco ao invés de ficar com a bunda sentada na cadeira vendo o CD vender milhões, ou seja, deviam investir em shows.

Vejam bem, não que eu esteja dizendo que a turma tem que se matar de ralar por aí, mas acho que aquele esquema de "rock star" do passado só serviu para acomodar tanto alguns artistas como alguns donos de gravadoras com luxos fáceis e exagerados. O artista que gosta do que faz mesmo não vai achar nem um pouco ruim ficar de cara com o público, afinal, é muito bom fazer um show legal e ver a galera aproveitando. Já aqueles "fabricados" que só gostam de lançar alguma coisa "grudenta" que venda fácil e que não tem nenhuma empatia com o público, vão se ver em maus lençóis.

Mas, pois bem, não é que agora o pessoal da EMI começou a pensar por esse lado? Eles começaram a fazer o que se chama de "contratos de 360 graus" ou "contratos de direitos múltiplos", e uma das bandas que assinaram um contrato desses foi o Iron Maiden (que inclusive vai vir agora em Março para o Brasil, eu vou ligar amanhã para marcar meu lugar com a turística que já comprou os ingressos), onde as gravadoras obtém lucro organizando as turnês das bandas, vendendo as camisetas, etc. Mais detalhes sobre isso aqui. Se isso der certo, vai acabar a choradeira sobre os downloads de músicas das bandas, *talvez* o preço do CD caia e todo mundo saia ganhando. Só por essa turnê do Maiden já dá para ter uma idéia que a coisa é *muito* lucrativa.

Turnê do Iron Maiden

Para finalizar, o pessoal da Universal Music deu um jeito de baratear os CDs: relançaram alguns títulos em uma caixinha de papel com miolo plástico e disponibilizaram os conteúdo dos encartes aqui. Dois pontos, um positivo, e outro negativo: o positivo, é que eles fornecem o arquivo em PDF. O negativo ... pô, um dos motivos de eu comprar o CD é o encarte, alguns são muito bem feitos e caprichados. Se não tem nada de encarte, compensa ir pedir ajuda para o Mário ...


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